Autor: Menassé Bemerguy

Data: 26-10-2019.

Saudade (antiga soidade em galego de Portugal),  a soledad  (espanhol) é a nossa alma (soul  em inglês)… saLdosa de alguém e que está muito bem guardada numa MALOCA entre o coração e suas artérias que nos irrigam de amor … perto ou além-mar… É um sentimento doce e ora salgado … como o próprio mar.

Só o mar de Portugal e suas pessoas para gerar esse sentimento tão profundo entre os seres viventes.

O desafio e o dever destemido da travessia era sempre imperioso…

Navegar era sua vida … E o mar a sua honra, glória e tristeza aos que ficaram e o choro saLgado quando se descobre que muitos não voltaram ou voltarão… Fica a esperança, origem  do sebastianismo, o mito do regresso triunfal,  pois o “soul” (significa alma em inglês) ,  despreza solenemente a realidade e vive em esperança diária e repetida , sonhando , em camadas, como ondas diárias e vívidas lembranças de tudo que passou ou passaram juntos, com um brilho fosforescente, como lampejar de estrelas  cadentes, caídas, sabidamente, mas que parecem sempre como guias, para alegrar nossos dias , mesmo que em clicks de tristezas.

Isso nos basta e fortalece quando temos amor… que enfrenta ventos, tempestades, vence o furor das ondas,  busca o “mar tenebroso” , ganha o mundo, espalha sua cultura , língua e ama seu filho que cresce…

Só quem ama ou amou, sente saudades com U ou L  ou soledade, como outrora se escrevia na antiga grafia lusitana.

Nada disso importa, o que interessa é que essa palavra, lá da Galícia, ganhou o mundo. Até hoje se discute a sua origem e primazia.  E só chegou até os quatro continentes porque desafiou e venceu o oceano. E muitos ficaram, como se diz atualmente, literalmente ” na saudade”…

Mas, esse sentimento mantém Portugal vivo em cada um de nós,  um dos  primeiros povos, os ibéricos , os  luso-castelhanos,  a nos presentear com sua grande descoberta, uma América pulsante e um Brasil deslumbrante.

Nosso Pará é pura floresta, em rimas e rios, vasta biodiversidade e no subsolo: ricos tesouros.

Quando quiser conhecer, entre pela porta principal, aporte em  Belém (outrora,  Santa  Maria de Belém do Grão Pará), venha pelo Rio Guamá, “vare”  na Praça, Princesa Isabel e de barco, “dê uma  chegada ” primeiro”,  na Ilha do Combu, conheça o Restaurante, “SaLdosa  Maloca” e saboreie um peixe, uma pescada branca no escabeche ou grelhada, com temperos paraenses, chicória, salsa, cebolinha, e se quiser use molho de pimenta de cheiro. Sente-se numa mesa, respire fundo, aprecie a paisagem, perceba o habitat de pássaros, caminhe pela trilha…veja a samaumeira centenária, siga a trilha de cacaueiros. 

Tenha olhar curioso e se encante com o lugar e sem um grão de exagero, com óculos escuros, tipo granfino, veja o Rio e sorria e achará a beleza da simplicidade em sua mesa. Agora o peixe está servido, saboreie, escolha o suco ou bebida, sempre comedido para não tontear e depois querer botar a culpa nas  águas e suas marolinhas,  não saia da linha,  todo mundo aqui é bacana e muito gente fina.

No final, compre souvenir (olha  a palavra em  francês ) ,  derivação do termo  “saudade lusitana” e leve camisas com os dizeres corretos : lembrança de Belém do Pará.  Não se esqueça de levar os chocolates nativos, produzidos aqui na ilha. E assim quando sentir o amargo da melancolia ou a nostalgia da distância, não deixe o sal das lágrimas salgar seus lábios e navegue num mar doce ou “Mardulce” em castelhano, que era como os espanhóis chamavam o nosso Rio Amazonas, estique a viagem e desembarque  em Mosqueiro, vá até à bela ilha do Marajó,  visite a cidade marajoara de Breves,  conheça  Santarém, Braganca ,  Cametá,  Itaituba , Salinas, e outras cidades paraenses e chegue  até o nosso Amazonas e  vizinho Maranhão, nosso antigo irmão de Federação , no tempo Imperial.

Adoce a vida com nossos bombons de cupuaçu, bacuri , etc.

Antes de ir, não esqueça de pedir uma tigela de açaí  com camarão ou  farinha de tapioca e adoce a gosto…o ano todo..

Tenho que terminar,  uma vez que o navio já está “a apitar”, como se diria em Portugal e eu não posso aqui ficar, pois tenho muito a visitar nesse belo, Pará.

Obrigado por tudo e sinceramente, aos filólogos , bem como aos gramáticos ,  peço escusas sinceras pelo pequeno equívoco do pintor que abriu as letras do Restaurante, escrevendo SaLdosa com L, no lugar do U, mas o perdoe, é um sujeito que morava perto do Porto do Sal…. Ele sempre coloca uma pitada de Sal a mais em tudo que faz, a sua saudade é doída, pois sua família vem de Breves, no Marajó. Essa  viagem não é nada breve , ele  enfrenta 12 horas de travessia da  Baía salgada, salobre do Guajará que mistura com a do Marajó,  passando  por Soure ou Salvaterra para matar a saudade de seus filhos pequenos. Gente bem educada , da classe dos  turistas , entende bem como é isso, a pressa desse menino era tanta que colocou o Sal no meio da  sua saUdade …

Agora, obrigado pela oportunidade de prosear um pouco… fique com Deus e volte sempre.

Já estamos com saudade…

Limite entre o ato de sentir falta de alguém ou alguma coisa ou tudo ao mesmo tempo, pois aqui gostamos muito das pessoas e assim fazemos as coisas especiais para elas comerem bem,  se distrairem e nunca esquecer da gente e de nosso doce de maracujá, precisa experimentar… e dos sabores exóticos de nossas frutas e sorvete de taperebá .

Agora “eu já me vu” …”deixa eu me já ir”…

Fui…

Aqui é tudo pai d’égua!

Chegue mais…

E não demore a retornar !

Já sinto sua falta…

Isso é uma mistura de crônica com poesia …

Boa travessia…

Com Deus no Comando …

E que bons ventos o traga sempre aqui…

Leve um picolé de açaí…

Um abraço além- mar , Do amigo que o faz feliz…. Bemerguy

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